Avançar para o conteúdo principal

Les Aventures de Spétalus... e eventualmente Cómlius - A Rave de Dromedarialot!

Corria o ano de não sei quantos. Na corte do afamado Rei Fartur'as decidia-se o futuro de todo um reino. Ao lado do anfitrião, os bravos cavaleiros da távola dodecaedrica dormiam pesadamente após uma valente feijoada à transmontana. Nem uma agulha bulia... até ela estava embosnada de tanto enfardar. No exterior do castelo, as tropas do vil Merdread acampavam e mantinham o seu cerco ao castelo de Dromedariot. Merdlin era provavelmente a única criatura com complacência pulmonar suficiente para avaliar a perigosa situação de todo o reino. Ele sabia que Dromedariot estaria perdida caso não houvesse uma qualquer alteração no status quo. Assim, invocou os espíritos celtas, enrolou um valente charro, fumou-o como se não houvesse mais um dia na sua vida e deitou-se a dormir.

- "Merdlin!... Oh Merdlin!"
- "Quem me chama? Sois vós apaziguadores espíritos do grande reino celta?"
- "Não Merdlin... tens mais duas hipóteses!"
- "Então é a fada Oriana?"
- "Também não Merdlin... a Sophia de Mello Breyner ainda não nasceu para a escrever! Tens mais uma hipótese!"
- "Creio então não saber quem vós possais ser..."
- "Ora, estou a ligar-te de um Call Center. Tenho um questionário pequenino que não demorará mais tempo que a tomada de Dromedariot pelo terrível Merdread. Tens tempo para responder agora ou preferes agendar para outra altura?"

Merdlin acordou estremunhado e cheio de sede... e fome. Comeu e bebeu que nem um pote e deu uma espreitadela pela janela da sua torre. Lá em baixo, perto da zona das discotecas do reino, Merdread dava uma rave gigantesca enquanto preparava as catapultas com vacas e couves de Bruxelas.

- "Oh demoníaco Merdread!" - gritou Merdlin - "Se nos vais bombardear com couvinhas, ao menos que venham enroladas em bacon e que sejam regadas com bechamel!"

Ora, é óbvio que nenhuma destas palavras chegou lá abaixo, mas ficou a intenção no ar, juntamente com os milhentos megawatts de pujança de um micro-subwoofer artesanal.

Do outro lado do globo... ok, bem mais perto do que o outro lado do globo... Spétalus e Cómlius debatem-se bravamente no seu embrulho de caramelo espanhol. Ora, a afundação da Atalantida provocou um vortex tão grotesco e rodopiante que conseguia anular o efeito giratório provocado pela borracheira dos nossos dois heróis. Digamos que duas forças girando em sentidos contrários tendem a anular-se... e assim foi! Depois de bravos meses de borga, Spétalus e Cómlius conseguiam ver o real mundo outra vez. E viram o real brilho do sol... a real e relaxante cor do mar... e o real "cabrão" do vortex que os sugou, cuspindo apenas o embrulho de caramelo que até ali tinha sido a sua majestosa bóia.

Nas costas de Avalon, uma criança entretinha-se a tentar apanhar uma perca-sol com o tronco de uma árvore obtendo poucos ou nenhuns resultados. Levantando os seus olhos sobre as calmas águas, vislumbra a Dama do  Lago, a Fada Bebiana, transportando os corpos dos nossos dois heróis. De olhos a brilhar por ver a fada, a criança entra pelas cristalinas águas e corre ao seu encontro. Com uma agilidade impressionante, a dita criança alça o tronco e afiambra a fada de tal maneira que ainda hoje a vemos, de 76 em 76 anos, passar pelo Sistema Solar. Com a mesma força, digna de um garoto de 3 anos, a criança arrasta os nossos dois heróis para a costa. O seu estado não é propriamente o melhor. Spétalus continua com a perna esquerda espetada, mas desta vez consegue conter alguns quilos de algas e um polvo colado no dedo grande do pé, tal bandeira, tal ode à afundada ilha flutuante. Cómlius apresenta mais um carapau no peito...  o que já não é nada de extraordinário.

Voltando à corte do Rei Fartur'as, as coisas apresentam-se sombrias... em primeiro lugar porque começara a cair a noite e em segundo lugar porque estava tudo tão entretido com o seu sono que deixaram acabar praticamente todas as velas do castelo. Fartur'as levantou-se por fim e gritou para todos ouvirem:

- "Então não se come nesta casa? E alguém que carregue ali no interruptor que já não se vê nada!"

O aroma a Rancho, assim com grão e massa e carnes deliciosas, começou a sentir-se pelo castelo de Dromedariot, juntamente com o fumo libertado pelo gerador eléctrico a bosta de vaca. Poderá o leitor ficar intrigado com a leitura, mas posso garantir-lhe que a mistura aromática preenche todos os espacinhos até ao cérebro... e continua a cheirar a bosta.
Merdlin aparece enfim no salão para actualizar os bravos cavaleiros da távola dodecaédrica sobre a real situação de todo o reino.

- "Epá, então não é que me ligaram do Call Center? Estes gajos são uns chatos!"
- "Permite-me a pergunta Merdlin, mas ligaram-te?"
- "Oh meu Rei Fartur'as... são umas experiências novas que ando a fazer, não faça caso!"
- "Então e o que tens para nos contar sobre o Merdread?"
- "Ora meu Rei, se vossa alteza se dignasse a levantar a sua real peida dessa cadeira a não ser para alimentar directamente o gerador a bosta de vaca, saberia certamente que Merdread prepara-se para..."
- "Esse pulha vai atacar? Como se atreve a atacar Dromedariot?"
- "Não meu Rei, ele prepara-se para fazer um after-hours. Parece que a rave que ele organizou está para durar."

Ao ouvir o termo "rave", os bravos cavaleiros, incluindo Fartur'as, saíram porta fora e foram curtir a noite, deixando Merdlin sozinho para defender Droedarialot de uma qualquer invasão.

- "Merda pá.... tanta cagança de serem cavaleiros e parecem uns putos!" - exclama vigorosamente Merdlin.

Voltando a Avalon, Spétalus e Cómlius encontram-se já em melhor estado. Estão numa pequena cabana, provavelmente dos pais da criança com força hercúlea, despidos das suas togas Amargo e Abana, mas artilhados com a melhor roupa da época, pele de cabra Cagucci e afins. Deliciam-se a devorar uma deliciosa salada de polvo e algas, para eles de origem desconhecida, aquando da chegada de uma misteriosa dama envolta num escura capa, capuz metido na cabeça... enfim, o típico traje para criar suspense.

- "Vós fostes enviados pelas finanças?"
- "Oh diabo, acha que temos ar de cobradores de impostos?" - pergunta Spétalus.
- "Vós não, mas o seu companheiro com aqueles carapaus a sobressaírem do peito engana um bocadinho!"
- "Então e o que nos quer a menina?"
- "Dromedariot corre um grande perigo. Merdread está a fazer uma rave com after-hours e todos os cavaleiros do reino foram atraídos para ela. O reino apenas tem o acagaçado do Merdlin para o defender. Temo pela segurança do nosso estado!"
- "Então e a menina realmente acredita que nós, vulgos mortais ex-estudantes universitários, temos algum tipo de característica especial que permita salvar o vosso reino?" - pergunta Cómlius.
- "Pois claro jovens cavaleiros... a Dama do Lago, a alcoolizada Fada Bebiana, não acorreria na salvação de comuns mortais. Vós fostes escolhidos pelos grandes deuses Celtas."
- "Tá bem tá... estou a ver que não é só a fada que bebeu uns copos. Olha lá Spétalus e se fossemos dar uma voltinha a essa rave?"

Deixando a misteriosa fêmea na cabana, lá foram os dois aventureiros para a mandriagem. A viagem demorava um bocadinho mas eles viajaram utilizando duas vassouras voadoras que conseguiram surripiar ao Harry e à Hermione, pelo que em menos de nada lá chegaram à dita festa organizada por Merdread. Tirando as 15 moedas de entrada, o consumo era à descrição e não faltava pinga. O som até estava bom exceptuando a parte da música que, diga-se de passagem, era o essencial da festa e era realmente repetitiva, ao nível do pior modelo de máquina de lavar roupa.

Os nosso heróis já se encontravam no seu estado normal de lucidez, ou seja terrivelmente embriagados, quando os desacatos começaram. Pelo que consta, Spétalus começara a perder as suas faculdades motoras, o que com uma perna sempre em riste implica alguns empurrões, biqueiradas nas nalgas e pessoal a dançar limbo sob a perna de Spétalus. Não tarda, o pessoal que dançava limbo já está a apanhar biqueiradas, os que levaram biqueiradas levam agora empurrões e os que levam empurrões decidem meter-se afincadamente com Cómlius, presando e louvando o seu vigoroso seio.

- "De onde vindes vós oh minha beleza mono-teta?"

Não seria justo tentar descrever a cena de pancadaria que se seguiu a este comentário nitidamente apreciativo. Sim, porque todos sabemos a besta hedionda que Cómlius é de tromba e uma única teta não fica bem a ninguém... principalmente quando acompanhada de bastante virilidade capilar. De facto, e como caso cientifico nitidamente por explicar, os dois carapaus que anteriormente constavam no peito de Cómlius passaram a constar nas suas avantajadas mãos e Deus ma livre... foi carapauzada a torto e a direito durante o resto da noite. Cómlius afiambrava com carapaus e Spétalus tentava arduamente equilibrar-se, o que em termos práticos acabava como biqueirada aqui e outra ali.

A verdade é que Dromedarialot acabou por ser salva nessa noite. Não pelos cavaleiros da tavola dodecaédrica que no meio da confusão voltaram para o castelo para comer o Rancho acabadinho de fazer... não por Merdlin que alimentava involuntariamente o gerador a bosta... não pela dama misteriosa que acabou por apanhar uma troncada nas beiças e foi fazer companhia à Fada Bebiana... mas sim pelos nossos dois intrépidos heróis Spétalus e Cómlius.

Como recompensa, Merdlin decidiu preparar uma poção mágica que levasse os nossos aventureiros de volta para a sua terra... e podemos dizer, à sua época. Envolvia uma série de ervas manhosas, colhidas no 14º mês de cada ano, a uma quarta-feira de feriado municipal, na freguesia de Gorgulhos de Avalon, num pequeno pasto logo ao lado da farmácia, olhando para a direita de quem vem de costas da rotunda mais próxima. Em suma, eram ervas especiais, fétidas, sensaburonas mas com um ligeiro travo a cenas. Um trago a cada um e Puff... lá foram eles parar à sua bela ilha... a ilha de Greta.

O resto é história, que podem ler em manuais muito interessantes que não existem à venda. Coisas velhas que acabam guardadas em museus e outras casas da especialidade, como tumbas e pirâmides... é uma questão de procurarem com afinco, desenterrarem e atirarem para o lume... já que estão completamente desactualizados.

Coiso!

P.S.: - "Olá Merdlin..."
        - "Fada Oriana?"
        - "Não seu velho janado... continua a ser do Call Center!"

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Calendário para 2012

Deixo aqui a minha pequena contribuição para 2012. Um calendário... em formato JPG para imprimirem à vontade e terem ao pé de vocês... e dispenso outros pormenores sórdidos do que poderão querer fazer com ele! Informo apenas que está com os feriados do concelho do Fundão. Se alguém quiser outros municípios, podem solicitar que também se arranja. Bom ano!

Ide e Multiplicai-vos!

Boas tardes caros leitores, leitoras, vislumbradores e afins deste blog. Como podem reparar, convidei o Richard para apresentar alguns dos seus disparates neste blog. Depois de uma colocação inapropriada do texto "Strange Life of John" no TheLittleBox, decidi propor-lhe um lugar para poder disparatar livremente, mas com censura. Hehe. Espero que ele esteja à altura de merecer a presença neste meu pequeno espaço. Não hesitem de comentar as nossas postagens. Creio que ambos temos muito para aprender. Com os melhores cumprimentos, Shuri Kata

WTF? - Definição de politicamente correto

Caríssimos leitores, Por certo que o tempo tem sido pouco e, claramente, a dedicação tem sido algo a rasar o insignificante... para não dizer nenhuma... mas as mundifiquilidades da vida assim obrigaram. Chega de lamurias à velhinho e vamos ao tema do dia: Afinal, o que é ser politicamente correto? Em conversa com Confúcio, Spétalus teve também esta dúvida, e o grande sábio assim falou: - Caro Spétalus, e eventualmente Cómlius, vamos imaginar o seguinte cenário - No grande império da China existem minorias... parte dessas minorias não trabalha nem paga impostos...  parte dessas minorias recebe apoio do imperador para poder sobreviver, devido à questão anterior... parte dessas minorias dedica-se a levar emprestado os bens de outrem... parte dessas minorias tem milhões de yens guardados no banco... - Mas isso não faz sentido sábio Confúcio! - Exclama Spétalus. - Então eles não contribuem para o estado que os sustenta e ainda amealham por fora? Isso não é justo par...