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Intrigante...

Saudações aos leitores...

Hoje venho falar-vos de um caso que realmente me perturba desde o inicio dos tempos de consumidor de cafeína. Creio que ocorre um pouco por todo o país e, pelo que tenho assistido, apresenta tendência a alastrar vertiginosamente... "O síndroma da água!". Tentarei assim, mostrar ao leitor as suas características básicas de actuação, veículos de contágio e diferentes fases da infecção.

Numa pequena demonstração, vou por o leitor a par do referido síndroma, através de um pequeno dialogo entre uma hipotética empregada de café contagiada e um, também, hipotético cliente.
Quantas vezes o leitor não foi calmamente tomar a sua bica (café, "cimbalino", "ristreto" ou qualquer outro nome aplicado à mesma bebida) e se deparou com a seguinte situação:

Empregada: - Boas tardes, o que vai tomar?
Cliente: - Uma bica, por favor.
E: - Uma?!
C: - Sim, por favor!
E: - É para já!

Alguns minutos depois...

E: - Ora aqui está o seu café!
C: - Obrigado!

Este diálogo, é comum no dia a dia do vulgar português e creio que grande parte dos leitores já passou por ele. No entanto, tudo me leva a crer que no forro cerebral, outros pensamentos levem à execução desse mesmo dialogo. Exponho de seguida os pensamentos das pessoas envolvidas no evento supramencionado.

Empregada: - Boas tardes, o que vai tomar?
(Então o que é que este quer?)
Cliente: - Uma bica, por favor.
(Uma bica e, de preferência, rápido!)
E: - Uma?!
(Será que é mesmo uma bica? Vais ver que depois vai-se lembrar de pedir mais qualquer coisa só para me chatear!)
C: - Sim, por favor!
(Bom dia!... Estou sozinho, queres que beba quantas?!)
E: - É para já!
(Um café... Um café... só mesmo um café... tenho de tirar esta história a limpo!)

5 minutos depois...

E: - Ora aqui está o seu café!
(Deixa lá ver se é mesmo só o café que ele quer!)
C: - Obrigado!
(Cafééééé!)
E: (Gajo porreiro! Só queria mesmo o café! Devia ser toda a gente assim...)
C: (Empregada esquisita meu... Nunca percebi a cena do Uma!? Bah!)

Aquando do pedido do café, é possível verificar um descrédito imediato por parte da empregada. Será que o leitor merece esse descrédito? Talvez! Trata-se da demonstração primária do SH2O; numa empregada já infectada pela doença. Sabemos, após minuciosos estudos, que a empregada pode apanhar esta doença após contacto com um cliente chato, daqueles gajos que alguns de nós tem por amigos e que são a verdadeira pedra no sapato... especialmente quando o que queremos é ouvir o som do silêncio.
É que o problema do chato é que não fica pelo simples diálogo de quem unicamente anseia por uma caloroso e reconfortante café. No fundo, os clientes chatos anseiam por ser uns gajos porreiros mas, eventualmente, a suas mentes maquiavélicas desejam o sofrimento do alheio, tornando-se a "Pain in the ass!" que impede uma pessoa de levar uma vida normal.
O dialogo que se segue, envolve a mesma empregada e um desses clientes chatos:

Empregada: - Boas tardes, o que vai tomar?
(Então o que é que este quer?)
Cliente: - É uma bica.
(Cafézinho e tal... vai saber mesmo bem...)
E: - Uma?!
(Será que é mesmo uma bica? Vais ver que depois vai-se lembrar de pedir mais qualquer coisa só para me chatear!)
C: - Sim.
(Claro... querias que fosse mais o quê?)
E: - Um momento.
(Um café... Um café... só mesmo um café... tenho de tirar esta história a limpo!)

5 minutos depois...

E: - Ora aqui está o seu café!
(Deixa lá ver se é mesmo só o café que ele quer!)
C: - Obrigado!
(Altamente... mas...)
E: (Gajo porreiro! Só queria mesmo o café! Devia ser toda a gente assim...)

Numa análise rápida, o leitor pode achar que a conversa não mudou muito, nem mesmo os pensamentos dos intervenientes, porém, é apenas quando se completa este dialogo que o cliente chato infecta a empregada com a estirpe SH2O. Consoante a mentalidade dos clientes chatos, o síndroma pode alcançar diferentes patamares de virulência, apenas perceptíveis pela súbita diferença de humor por parte do elemento infectado. Serão apenas demonstrados os diferentes estágios através dos procedentes diálogos infecciosos, sendo no entanto notável a referida diferença de humor que advém das referidas interacções.

Fase 1
Continuando...

C: (Uma águinha também marchava...)
C: - Olhe... é também uma água lisa.
(Sim, vai cair mesmo bem!)
E: - Natural ou fresca?
(Eu sabia... já estava mesmo à espera desta merda!)
C: - Hummm... Fresca!
(Sim... fresquinha!)
E: - Com certeza!
(E um baldinho de bosta? Não quer pedir também?)
E: - E quer copo?
(Não vá este gajo lixar-me outra vez...)
C: - Pode ser!
(Mais não seja, sujo loiça!)
E: (Mais uma ficha mais uma voltinha à pala deste gajo...)

Fase 2
Pouco tempo depois...

C: (Fresca... se calhar é melhor pedir gelo também... ya! Quando ela cá chegar...)
E: - Aqui está a água e o copo...
(Devias ter uma paragem de digestão meu miserável!)
C: - Olhe, desculpe mas... poderia meter umas 3 pedrinhas de gelo no copo... é que a água não está assim tão fresca!
(Este calor tá mesmo a pedir por elas... com jeitinho dá para pedir o gelo sem chatear muito a empregada!)
E: - Claro!
(Olha-me o descaramento deste filho dum cão!)
E: - E deseja mais alguma coisa?
(Não me fazes vir aqui mais nenhuma vez!)
C: - Não obrigado... é tudo.
(Sim, estou bem... café, água... sim.)

Fase 3
Mais algum tempo depois...

C: (Epá... o bom agora era dar uma vista de olhos nos jornais.)
E: - Ora aqui tem o seu...
(Metia-te as pedras pelo...)
C: - Depois quando puder, pode-me trazer o jornal?
(Mais vale pedir antes que ela chegue à mesa para não ter de voltar para trás outra vez.)
E: - Só deixar aqui o seu gelo que já lhe trago o jornal.
(1... 2... 3... 4... Juro que mato este gajo! 5... 6... 7...)

Fase 4
Rapidamente...

E: - O jornalinho!
(Enrolado, cheio de cola e enfiado pelas tuas nalgas acima!)
C: - Obrigado.
(Agora sim... grande pausa. Cafézinho, água on the rock's, jornal...)
E: (Porra, que alivio!)
C: - Olhe, já agora, traga-me a conta.
(Fico servido e despachado...)
E: - Trago-a já.
(Devias cair de cu e partir a pila! Que valente sarna...)

Fase 5
De seguida...

E: - Ora são 2€!
(Espero que tenhas troco!)
C: - Devo ter... espere só um bocadinho...
(Acho que há aqui uma moeda algures...)
E: (Olha a rifa que tinha de me saiu hoje, hein?!)
C: - Olhe, afinal não... só mesmo nota!
(Eu tinha a certeza que tinha uma moeda, deixa ver nos bolsos.)
E: - Já lhe dou o troco.
(Uma santa... eu devo ser uma santa para aturar estes gajos!)
C: -Espere!... Afinal tenho aqui uma moeda de 2€! Desculpe lá a maçada.
(Eu sabia!)
E: - Não há problema. (Do mal o menos... mais uma volta e livro-me desta melga de uma vez por todas!)
E: - Obrigada. (Corno de Unhais! Devias ter um filho que fosse um sapo meu azeiteiro do caraças!)
E: (Tipo chaaatttoooo...)
C: (Gaja porreira... todas as empregadas de café deviam ser assim... educadas, pacientes... volto aqui mais vezes!)

Estas 5 fases demonstram a capacidade invasiva do SH2O e seus efeitos mais característicos, visíveis através de análise dos pensamentos das duas personagens. É fácil identificar a constante pressão exercida pelo cliente chato à empregada e a constante luta da última para se manter integra. É óbvio que este estudo foi realizado com recurso a uma doente em fase 5, por muitos considerada o patamar decisivo entre a lucidez e a total perda de controlo verbal.

Numa última análise, um chato pode promover o mal-estar de uma empregada de duas maneiras. A primeira, abordada em cima leva a empregada a um estado de exaltação controlável. Mas estudos mais aprofundados revelam o que se passa para lá desse patamar e há apenas uma forma de um chato, mesmo chato, conseguir levar avante os seus intuitos. E, com uma frase bastante simples, é ultrapassada essa base de calma e o cliente chato consegue demonstrar todo o seu poder negro. Eis a 6ª fase:

Fase 6
Pouco tempo depois...

C: - Olhe, se faz favor?! OI?! Sim... por acaso não dá para meter na Sporttv, pois não?

P.S.: Creio que não seja necessário colocar a reacção da empregada em estudo.

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